A verdadeira epopéia da banda que vive uma mentira
O que quer dizer “Libera o badaró”?
Os matemáticos dizem que é uma expressão que vem da Grécia, mas que morou um tempo na Turquia. Uma pesquisa rápida a qualquer enciclopédia grega do século 18 revela que “libera o badaró” era uma expressão que Sócrates – o filósofo, não o jogador de futebol – usava muito em conversas com seus discípulos, principalmente aqueles que o seguiam até seu quarto.
Isso já diz muito sobre a banda paulista Libera o Badaró, que nasceu de cesariana em meados de 1997 mas que só recentemente definiu um nome e agora está empenhada em aprender alguma música.
Qualquer pessoa que frequentava o Hospital das Clínicas há quatro anos sabe que o grupo começou sob a alcunha Megadrive Acoustic Band. Porém, tal nome, por ser um pouco longo, logo mudou para Terezinha Maciel Megadrive Acoustic Band. No entanto, os fãs carinhosamente prefeririam chamar de “aquela banda”. Posteriormente, o grupo chegou a ser batizado de Cid Moreiraem Chamas, mas Cida Moreira, mulher (ou filha?) de Cid Moreira, soube do fato e reclamou os direitos autorais do marido (pai? avô?).
Mais recentemente, outro nome surgiu: Fusca 66 e seus Bancos Reclináveis. Logo após virou Busanfã de la Patrie. Dois dias mais tarde era Mister Válvula Sinistra e os Empurradores de Container. A situação ficou insustentável quando, durante um show, o grupo mudou de nome três vezes.
Felizmente, Chico Xavier deu fim à crise de esquizofrenia, psicografando o nome “Libera o Badaró” numa mão e “The Beatles” na outra. Como o segundo parece que alguém já tinha usado, ficou valendo o primeiro. Enfim, um nome definitivo! Estúpido, mas definitivo.
Assim, estava consolidada banda que revolucionou o movimento Pós-Novos Baianos Mutantes, trabalhando de forma muito pessoal o new-techno-frevo-afro-heavy, com leves influências do foxtrot e da marcha-rancho. Como diz um dos integrantes da banda, que não quer ser identificar: “Não tendo mais de três acordes, a gente toca qualquer coisa”.
O conjunto tem chamado a atenção da crítica com a versão do tema de Pirulito que Bate-Bate para viola caipira, sintetizador moog, tuba, reco-reco, guitarra Gibson com amplificador Marshall valvulado, cavaquinho, cavacão, quarteto de apito, viola da gamba e grande elenco. E suas hilárias apresentações ao vivo foram consideradas pela crítica especializada como “impagáveis”, ou seja, ao final de cada show, invariavelmente, o público exigia seu dinheiro de volta.
Explicando o espírito da banda, os integrantes do Libera o Badaró, que também não querem se identificar, dizem que tudo é, na verdade, “um protesto contra as bandas que fazem música de protesto”. No momento, o Libera o Badaró está no estúdio gravando há mais de 60 anos seu CD de estréia, O Evangelho Segundo Jesus Negão, que chega em breve às lojas numa caixa com 38 CDs contendo 527 músicas inéditas, que ninguém sabe de quem são.